Influência das Fases da Vida da Mulher na Saúde Mental


 Em um mundo repleto de desafios e conquistas, cuidar da nossa saúde mental é mais do que uma necessidade pessoal, é uma questão que envolve toda a sociedade. Hoje, gostaria de abrir uma conversa sobre um dos temas mais debatidos e relevantes da atualidade: a saúde mental, especialmente quando o foco é o universo feminino.

De acordo com dados recentes da Organização Mundial de Saúde, sabemos que aproximadamente uma em cada quatro pessoas enfrentará um transtorno mental ao longo da vida. Olhando mais de perto para esses números, vemos que as mulheres são ainda mais afetadas, com uma em cada cinco enfrentando algum transtorno mental, comparado a um em cada oito homens. 

A saúde mental da mulher é um tema complexo, permeado por uma série de fatores que vão desde questões raciais, genéticas, socioeconômicas até experiências traumáticas e a presença de uma rede de apoio. Nesse cenário complexo, no entanto, podemos encontrar diversos pontos em comum que atravessam todas as fases do desenvolvimento. 

Na adolescência, por exemplo, as preocupações com a imagem corporal afetam tanto meninos quanto meninas, mas é interessante observar que as garotas se mostram quase duas vezes mais preocupadas com sua aparência do que os garotos. Esse tipo de preocupação, se não for cuidadosamente tratado, pode evoluir para transtornos alimentares e se tornar um sinal de sofrimento mental intenso, afetando atividades diárias e interações sociais. 

Ao nos depararmos com a vida adulta, é a depressão que se destaca como o transtorno mental mais comum entre as mulheres. Sintomas como mudanças no sono, alterações nos hábitos alimentares, perda de prazer em atividades antes satisfatórias e oscilações de humor são sinais frequentes. Mas aqui surge um questionamento importante: por que ainda é tão difícil diagnosticar a depressão em homens? Talvez seja porque muitos deles ainda evitam buscar ajuda, muitas vezes por medo de enfrentar estigmas ou por se sentirem "frágeis". No entanto, os números não mentem: as mulheres são diagnosticadas com o dobro da frequência dos homens. 

E o que dizer da velhice? Nesse estágio da vida, muito se tem discutido sobre os impactos do etarismo, que é o preconceito e a discriminação baseados na idade. Especialmente para as mulheres, que enfrentam uma pressão estética exacerbada, fazer parte de uma população estigmatizada pode gerar uma série de experiências negativas, potencializando casos de depressão e ansiedade. 

Tão importante quanto falar sobre os sofrimentos e desafios da saúde mental, é crucial discutir também sobre promoção e prevenção. Afinal, transtornos mentais não surgem do nada e podem ser prevenidos. Contudo, essa não deve ser uma jornada solitária. Os cuidados com a saúde mental da mulher devem envolver toda a sociedade, desde as palavras que usamos ao falar da aparência de uma mulher até a garantia de oportunidades iguais no trabalho. Está também na não culpabilização por violências sofridas, na garantia de respeito e segurança e na representatividade nas mídias. 

Cuidar da saúde mental é também combater estigmas. Rotular a depressão ou a ansiedade como frescura ou loucura apenas afasta aqueles que mais precisam de ajuda, tornando os casos mais graves invisíveis. 

Por isso, convido vocês a refletirem sobre os temas que impactam a saúde mental da mulher. "Ser mulher" é uma construção social em constante transformação, e tudo aquilo que um dia foi concebido pode ser revisto e reconstruído de maneira mais saudável e coerente. São essas as razões que nos motivam a lutar e celebrar. 

Fonte: Ana Carolina C D’Agostini é psicóloga e pedagoga, coordenadora de formações do Instituto Ame sua Mente, gerente de conteúdo da Semente Educação e Colunista no Blog Nexo. 

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